terça-feira, novembro 27, 2012

Infinito

O teu cheiro na minha cama é como flor de hortelã. Os teus quadris que se encaixam nos meus, a tua pele que desliza sobre a minha, os arrepios que me fazes sentir... São segundos de deleite, da felicidade mais intensa de quem encontrou o seu lugar no mundo ali, dentro de alguém, transbordando a si mesmo.

Nos cabelos, o suor do teu corpo; na boca, o teu gosto; no pescoço, o teu hálito pesado me conforta. Em lençóis de seda eu me vivo em você, em uma busca pelo maior prazer. A cada toque, um arrepio. Nada além de dedos vestidos de objetos metálicos arredondados, mais parecem o infinito.

De tudo, então, existe a lembrança. Lembrança de alguém que nunca tive, de lugares que nunca visitei, de cheiros que nunca senti, de você que nunca vivi.

segunda-feira, novembro 26, 2012

Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando!



Vivemos cercados por nossas fantasias sobre a realidade, algumas melhores, algumas piores. Nos relacionamentos humanos tendemos a construir nossas imagens e espelharmos nossos desejos nas dos outros em um redemoinho de “eu sou-eu sem você-quem sou eu”.

Nas amizades há decepções, algumas maiores do que no amor. A questão é que amigos são amigos, negócios à parte. Nós (nos) magoamos, fazemos draminha e voltamos às boas ou simplesmente trocamos o “amigo (a), tenho novidades” pelo “bom dia/boa tarde/boa noite”.

Mas e quando construímos um castelo no ar com os nossos “amores”, onde os contos de fadas se transformam em pesadelos e não temos escolha senão nos jogarmos do alto? Como é possível que tamanha ilusão persista, muitas vezes, por tanto tempo?

Existem pessoas andando por aí que não sabem quem são, ou simplesmente sabem tanto quem são que fingem ser outra pessoa para conseguir alguma coisa na vida. Mais dia, menos dia, infelizmente, você (que não finge nesse aspecto) encontrará esse par.

Mariazinha conhece o João mais apaixonado do planeta. Eles nunca terão problemas, pois, veja bem, João passa, cozinha e diz que quer crescer na vida (claro que quer, às custas da Mariazinha). Mariazinha fica tão feliz pensando que só faltava um amor pra completar sua vida, afinal ela já era bem sucedida nas outras coisas, que encontra nas promessas de João seu porto seguro.

João é geralmente um príncipe, não gosta de sair para festas, nem de beber, dorme cedo e diz que quer ganhar dinheiro para sustentar a família: o homem perfeito! Ele se joga de cabeça na relação, apresenta a namorada pros amigos e dá até nome pros futuros filhos!

Um belo dia, João, coitadinho, tão sufocado pela pressão de um relacionamento sério decide ficar sozinho por um tempo. João não tem peso na consciência, afinal Mariazinha, sempre tão boazinha, vai superar, quem sabe quando ele cansar da vida de estudos (vulgo canalhice) ela ainda estará esperando por ele?

E agora Mariazinha? É fácil construir uma imagem perfeita de quem amamos, principalmente quando essa imagem é sustentada pelo outro. De repente, quando já até olhamos no calendário a melhor Lua para o dia do casório, BUM, o verdadeiro self de João se revela, sim, caros amigos, porque nenhuma máscara dura para sempre.

É tão fácil construir o homem ou a mulher perfeito (a) quanto é difícil desconstruir. Isso porque quanto mais perfeita é a ilusão vivida, mais dura e rápida é a queda. Ficamos no chão com as nossas vergonhas e imperfeições, atônitos, incapazes de conceber que dividimos nossas vidas, nossas camas e até nossos Tridents com pessoas tão desonestas!

Menos de 1 mês depois e o dito cujo João já terminou de “estudar” e de “passar um tempo sozinho” e já está novamente se relacionando, sim, porque sem nós, Mariazinhas, quem é mesmo o João?! Algumas pessoas nem fazem por maldade, simplesmente encontram em ferir os sentimentos dos outros uma forma de suprir o vazio interior, assim, como se estivessem comprando ou comendo demais para esquecer. E não são só homens que fazem isso, há mulheres desesperadas com seu vazio andando por aí também.

Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando, com seus defeitos e momentos de fraqueza. Que sorte a nossa de não precisarmos fingir um falso self para encontrar a felicidade. Agora é hora de buscarmos pares reais e deixar que o João se assuste com a própria face no espelho da vida quando a máscara cair. Lembrem-se: toda desconstrução leva a um novo começo.

domingo, novembro 25, 2012

There is no runaway

Por causa de você às vezes desejo morrer, não vê? É essa dor que consome, fere, oprime. São essas lágrimas que geram um nó na garganta. Não ata, nem desata. Não permite comer, respirar, falar, sorrir.
A cada segundo, a tortura da decepção assola a plantação que, com tanto cuidado, cultivei. Se tivesse alguma noção da dor que causou, choraria talvez? Que lágrimas são essas que nunca saem desse peito? Que maldade é essa revelada em um amigo tão íntimo? Como pôde, como pode? Que fiz a ti para roubar a minha felicidade de tal maneira?
Sim, eu descobri a minha força mais profunda, caçando entre os cacos de mim que você espalhou por aí, mas sinto a cada dia o ódio que você plantou. Será que se ele queimasse a ti por dentro, também terias feito o que fez? Esse ódio, essa dor, essas lágrimas... O veneno nunca fez parte de mim, o que te fiz, o que te fiz?
Não há saída para nós dois, mas será que há alguma luz para mim? Já não consigo mais carregar o sofrimento que você me deu, já não suporto mais andar por aí meio-viva, meio-morta, meio-tu, meio-eu.
Estou bem, tão bem quanto alguém que sequer consegue
Como você consegue viver com algo assim na consciência? Que tipo de buraco uma pessoa precisa ter no peito para machucar alguém dessa forma? Me explica, soletra, desenha, me salva, por favor! Porque eu não aguento mais sofrer por uma pessoa que não tem nada dentro do coração.
Não há saída, somente desesperança.