quinta-feira, junho 25, 2015

Um dia...


Um dia te trago comigo
Te faço um abrigo no meu coração
E mando teus medos embora
Que não há demora em nossa oração

Um dia tu casas comigo
Me beijas embaixo do visco
Faz paz entre razão e emoção

Um dia tu me abraças no leito
E falo baixinho no teu ouvido
Que de tudo que acredito
Amor assim só se encontra no infinito

Um dia te acordo sorrindo
Meio sonâmbulo com o som dos pássaros tinindo
Só pra dizer que te amo.

segunda-feira, junho 15, 2015

Drowning (Afogando)



Não consigo respirar. Não há escolha. Uma luta entre a dor do desaparecer e a própria morte onde não há guerreiros, apenas eu, rendida. Cansada de debater-me nas águas escuras, não posso chorar, estou afogando. E esse mar, de onde veio? Lutei a princípio para viver, lutei para não sentir os pulmões queimando, mas fui vencida pela desesperança e resto inerte, impassível diante da espuma do riso das tuas águas.
Não há uma maneira fácil de fazer isso, é como um acidente iminente, onde a morte é lenta, onde não há mais esperança de lutar, de viver. "Sobre"viver é doloroso demais para uma garota sustentada por dentro, por fora não há força nenhuma, não há defesas. Não havia barreiras em minha represa, não havia como escapar.
São chagas abertas, um coração ferido, são espasmos de um corpo que já não consegue mais sofrer. E o espírito, como um espelho quebrado, vive a maldição de ser colado todas as noites. Seus pedaços irreparáveis vão sendo espalhados nesse mar, nunca mais serão os mesmos: nem o mar, nem o espírito.
Ninguém percebe o corpo desnutrido, os olhos perdidos, ninguém percebe a tortura queimando dentro do peito, nada é sentido por fora e eu agradeço, essa morte lenta é a única coisa que posso guardar para mim, é a única escolha que posso fazer nesse momento.
As tuas águas, mar, são cruéis e gélidas, não pensam, não sentem, não se compadecem com amor, um amor pelo qual se morre afogando, nas palavras engasgadas, nas lágrimas não derramadas. Não há saída, morro lentamente. Guardo-a para mim, escondo-a, adeus, a Deus.

quarta-feira, junho 10, 2015

O tempo do mundo



Decidiu correr no meio da noite, fugindo do amanhecer, afastando-se do ser. Corria e adentrava na mata fechada, tentando esquecer o caminho, camuflar os passos da própria lembrança. Alice corria, Alice dançava com a própria sorte.
Pensava na bagagem pesada que deixava para trás, sentia culpa por não carregá-la mais, e alívio ao saber que não iria precisar da mesma. Era tarde, a Lua e o seu coração trabalhavam em uníssono. Nenhum outro barulho a não ser o da própria consciência que tentava calar. Como era o nome daquela moça que fora criada na floresta? Que cheiro tinha o desaparecer da própria morte?
Estava escuro e frio, era inverno na vida de Alice. O vestido úmido dançava na chuva e combinava com a canção de lágrimas que derramava nas folhas. Era vazio, era intimidade, era Deus.
De todo o nada fez-se um ponto, do ponto Alice puxou a linha e pôs-se a trabalhar. Em tudo que precede a humanidade, Alice, Eu existo. Em todos os corações em que há mentiras, Eu sou a verdade. Em toda morte, Eu sou a vida. Corra, Alice, é hora de parar o tempo do mundo. Agora aquieta-te e descansa, é chegado o tempo da minha justiça. Ame e confie, eu já escrevi os Meus planos. Não tenhas medo e não olhes para trás, nos vales escuros em que caminhas Eu já estendi o Meu manto.
Corra, Alice, pare o tempo do mundo!

segunda-feira, junho 08, 2015

Esperar e confiar no Senhor


Em momentos difíceis, tendemos a buscar esperança em algo que sustente o nosso templo. A ventania forte pode quebrar as janelas, bater as portas, arrancar móveis do chão, mas um lar com uma boa estrutura não é abalado. Como podemos, porém, lidar com os nossos problemas de modo autêntico? Como podemos repousar nossos corações? Encontramos em Filipenses 4:6 "Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes de tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças".
Quando era criança, compartilhava as angústias da juventude com a minha avó, meu exemplo de amiga, mãe dupla e esposa. Lembro-me de que a cada problema, havia apenas uma resposta: "Ore, confie em Deus que ele resolverá." Naquela época, em minha incompreensão e com minha impaciência, não admitia assumir uma postura de passividade, não conseguia compreender o temor e a sabedoria em suas palavras.
Gostaria de compartilhar uma mensagem sobre como lidar com as nossas angústias colocando-as em oração. É precisamente ao entregarmos o nosso problema a Deus que geralmente nos desviamos, acreditando estarmos esperando uma resposta que pode vir de muitas maneiras. Devemos esperar em Deus, vigiando após a oração autêntica, confiando nos Seus propósitos e planos. Essa não é uma posição passiva, e sim de confiança e esperança.
De acordo com Lloyd Jones, 

"Uma vez que confiamos o problema a Deus, já não temos por que preocupar-nos com ele. Devemos voltar-lhe as costas e fixar os olhos em Deus. (...) Uma vez entregue o problema a Deus, devo esperar que ele responda. Também devo comparar um sinal de orientação com outro, porque se Deus é sempre consistente consigo mesmo e em seus tratos comigo, posso esperar que tudo se encaminhe para um mesmo ponto. (...)  Nada revela tanto o caráter de nossa fé como o que faremos depois de havermos orado. Os homens de fé não somente oraram, mas esperaram respostas às suas orações. Às vezes, oramos a Deus numa hora de pânico; depois, passado esse momento, esquecemo-nos do que pedimos. A esperança da resposta é o teste da nossa fé." LLOYD JONES, M. Do temor à fé.

Esperemos, pois, e oremos uns pelos outros. Cuidemos do jardim para que possam vir as borboletas.Vamos à torre de vigia!