Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.
sábado, setembro 25, 2010
Conto de fadas às avessas
Ela estava sem alma ao sair de lá. Não havia mais resiliência, paciência ou amor que o fizesse mudar de ideia.
Ele disse a ela que podia sentir tudo o que ela estava sentindo, que tudo aquilo ia passar, que seria melhor para os dois.
Ela só conseguia pensar em como sobreviver, se ela sequer desejava sobreviver.
Ele pensava que deixar de amar era fácil, que era exagero dela achar que aquilo poderia ser tão ruim. Na verdade poderia até ser uma lição para a vida dela. Ele se achava um bom professor.
Ela havia esgotado as esperanças, sentia que nunca mais seria capaz de entregar-se daquela maneira a alguém, de desejar tanto que alguém a amasse igualmente.
Ele queria conhecer outras pessoas, explorar toda a sua juventude, sair com os amigos e deixar que os mesmos fizessem suas escolhas.
Ela tinha perdido um sonho construído por meses e a vontade de um dia contar histórias aos filhos e aos netos.
Ele sentia arrepios ao pensar em filhos, a fantasia de construir uma família havia se tornado assustadora na prática.
Para ela o amor era liberdade.
Para ele, prisão.
Para ela, ele era a pessoa mais preciosa do mundo e a dor era tão grande que tudo era noite, que não havia algo que realmente a fizesse esquecer que a vida não tinha sentido.
Ele foi feliz. Por 1, 2 ou 3 dias. Depois disso veio a falta, mas ele não sabia do que sentia falta. Acabou procurando errado, achou errado. Ele percebeu que ela era insubstituível, que o que ela chamava de amor realmente poderia existir e que talvez ele tivesse cometido o maior erro de sua vida. Ela fez terapia e aprendeu a esperar os dias passarem com a esperança de que o sentimento que tanto a machucava um dia não mais acordasse. Todos diziam que iria passar, que ele não merecia tudo o que ela estava passando.
Ele teve o apoio dos amigos, ou melhor, dos machos alfas do bando. Aproveitou todas as festas, bebeu até cair. Bebeu por ela.
Ela bebeu por ele, logo ela, que nunca tinha se aventurado nem em uma garrafa de vinho.
Ele chorou.
Ela chorou.
Ele decidiu tentar com outra, mas a outra percebeu que ele só via Ela.
Ela tentou gostar de alguém, até se envolveu com uns carinhas que não despertavam nenhum sentimento nela.
Ele percebeu que não podia viver sem ela. Que se sentia pressionado por ter medo de amar, por ter medo de compromisso. O que seria compromisso sem ela?
Ela começou a perceber que, apesar do que todos diziam, nunca passaria. Nunca alguém conseguiria despertar um sentimento tão forte.
Ele a procurou.
Ela encontrou o príncipe encantado.
Será que é tarde demais?
Por que o príncipe encantado não me encanta tanto quanto o sapo?
Acabou em desastre. Como alguém pode deixar o príncipe encantado por um sapo?
Ele nunca encontrou alguém que fizesse amor como ela.
Ela nunca encontrou alguém que tivesse um beijo como o dele.
O coração dele não é o mesmo, nem com cola, nem com substituições.
O coração dela ainda sonha com ele quase todas as noites e ela ainda chora em silêncio.
Ela queria tanto casar com uma pessoa que amasse verdadeiramente, caminhar de mãos dadas na praia trocando juras de amor à luz da lua, acordar ao lado dessa pessoa com a certeza de que aquela felicidade nunca se vá.
Até hoje ninguém sabe exatamente o que ele quer. Ele escondeu isso de todos como uma lembrança do dia em que descobriu que o amor existe.
O príncipe continua encantado, os sapos ainda se amam apesar da distância e da dor.
O "felizes para sempre" espera para acontecer com uma salvação que nunca vem. Talvez não deva ser nessa vida.
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