O mundo de Ana fora devastado. Os seus contos de fadas foram levados por um Tsunami de águas que pareciam ser quase transparentes. Agora tudo o que restam são pedaços de uma realidade desejada. As ondas constantes já não existem mais, não há onde se segurar. As colunas que resistiram à força do desastre estão tão distantes que ela se pergunta se conseguirá alcançá-las como está, fraca, sem o alimento que era o motor de sua alma. Olha para todos os lados, tenta comunicar-se com Ele, procura uma luz na escuridão.
Ana sente demais, sonha com coisas que outras pessoas nem sequer conhecem. Havia realizado tantas coisas lindas, seria capaz de conquistar o mundo! Agora ela tenta simplesmente conquistar a si mesma e não morrer afogada nas águas que agora são turvas e teimam em tentar contaminá-la.
Ninguém pode salvá-la. Alguém? Alguns barcos passam ao seu redor e ela acena de volta, espera com uma angústia no peito que a mata e a impulsiona. Seu carrasco a circunda com suas águas invasoras, não há como reconstruir sem ajuda, é preciso barrar o mar.
Tentando encontrar uma solução, Ana nada, mas não conhece a direção. Não encontra muito, ela mal consegue ser notada. Entre destroços, achou um espelho. Nele não se reconheceu, viu uma pessoa mais bonita e percebeu que por tanto tempo dedicou-se à beleza do mundo que fora destruído que havia se esquecido da beleza de quem o criara.
Finalmente percebeu que aquele mundo tão bonito existia dentro dela e que ela poderia construir um Universo inteiro! Deixou de resistir, quis deixar-se levar pelas águas para algum lugar ou para dentro de si mesma. Quem sabe um dia ela seja resgatada. Talvez exista um barco sendo tragado pelas mesmas águas que se aventure a desvendar os seus mistérios...
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