segunda-feira, junho 15, 2015

Drowning (Afogando)



Não consigo respirar. Não há escolha. Uma luta entre a dor do desaparecer e a própria morte onde não há guerreiros, apenas eu, rendida. Cansada de debater-me nas águas escuras, não posso chorar, estou afogando. E esse mar, de onde veio? Lutei a princípio para viver, lutei para não sentir os pulmões queimando, mas fui vencida pela desesperança e resto inerte, impassível diante da espuma do riso das tuas águas.
Não há uma maneira fácil de fazer isso, é como um acidente iminente, onde a morte é lenta, onde não há mais esperança de lutar, de viver. "Sobre"viver é doloroso demais para uma garota sustentada por dentro, por fora não há força nenhuma, não há defesas. Não havia barreiras em minha represa, não havia como escapar.
São chagas abertas, um coração ferido, são espasmos de um corpo que já não consegue mais sofrer. E o espírito, como um espelho quebrado, vive a maldição de ser colado todas as noites. Seus pedaços irreparáveis vão sendo espalhados nesse mar, nunca mais serão os mesmos: nem o mar, nem o espírito.
Ninguém percebe o corpo desnutrido, os olhos perdidos, ninguém percebe a tortura queimando dentro do peito, nada é sentido por fora e eu agradeço, essa morte lenta é a única coisa que posso guardar para mim, é a única escolha que posso fazer nesse momento.
As tuas águas, mar, são cruéis e gélidas, não pensam, não sentem, não se compadecem com amor, um amor pelo qual se morre afogando, nas palavras engasgadas, nas lágrimas não derramadas. Não há saída, morro lentamente. Guardo-a para mim, escondo-a, adeus, a Deus.

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